Pesquisas divulgadas no decorrer desse mês de abril mostraram dois importantes dados que podem nortear as campanhas presidenciais de 2026. O primeiro deles é que o presidente Lula ganha a preferência do eleitorado e se reelege em qualquer que seja o cenário de disputa. Ele fica à frente de Jair Bolsonaro, que está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e de nomes fortes como Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas.
O segundo dado, igualmente importante, é que a rejeição de Lula é alta. Quase 52% dos eleitores afirmam que não votariam nele “de jeito nenhum”, sendo que menos de 30% avaliam sua administração como ótima ou boa. A rejeição do presidente aumentou, em comparação com levantamentos anteriores, enquanto a de Jair Bolsonaro reduziu, chegando agora ao índice de 46%.
Se por um Lado Lula enfrenta as maiores taxas de rejeição e seu governo tem baixa aprovação dos brasileiros, como explicar o fato de que vence as eleições em qualquer cenário testado nas pesquisas mais recentes? São vários os motivos que podem explicar esse cenário e a chave para a resposta está, em boa parte, nos cidadãos de ideologia moderada e nos indecisos, fartos das brigas raivosas da polarização radicalizada.
Como aconteceu em 2022, uma parcela do eleitorado indeciso, embora não se sinta representada por nenhum concorrente, tende a escolher um nome para não votar em branco e jogar o voto fora. Nesse panorama, uma parte das pessoas vota naquele candidato que estiver liderando as pesquisas. É o chamado voto útil, que tem se mostrado fator relevante em eleições recentes.
Se as últimas campanhas foram difíceis, no próximo ano teremos algumas situações que complicam ainda mais a vida dos candidatos. No caso de Lula, ele não conseguiu manter a imagem de “salvador da pátria” que construiu entre a opinião pública durante a campanha. As pessoas acreditavam que ele conseguiria realizar um mandato brilhante, com medidas populares importantes em benefício da classe trabalhadora, como ocorreu em sua primeira eleição.
O problema é que em 2003, quando assumiu a presidência pela primeira vez, Lula encontrou uma economia forte. Fernando Henrique Cardoso deixou a bola na marca do pênalti, pronta para o próximo presidente chutar e marcar o gol. O petista soube aproveitar, implantou o Bolsa Família, o Fome Zero, aumentou o salário-mínimo e desenvolveu uma série de ações que resultaram em elevação do PIB, da taxa de empregos, da oferta de crédito, além da redução da inflação e do índice de pobreza. Agora, com mais da metade do atual mandato em curso, o presidente ainda patina, ao passo em que sua rejeição cresce.
Por outro lado, Jair Bolsonaro, seu principal adversário, também se encontra em situação menos favorável. O ex-presidente está inelegível até 2030 e seus possíveis substitutos, Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas, não demonstram, pelo menos até aqui, força suficiente para vencer as eleições presidenciais.
Como sempre digo, pesquisas são uma fotografia do exato momento em que são realizadas e ainda temos uma boa caminhada até a campanha eleitoral de 2026. Mas se eu pudesse arriscar um palpite, diria que os candidatos vão encontrar eleitores céticos e ainda mais exigentes e que, mais uma vez, a disputa será acirrada.
Wilson Pedroso é consultor eleitoral e analista político com MBA nas áreas de Gestão e Marketing