Conteúdo/ODOC - A Companhia Mato-Grossense de Mineração (Metamat), atualmente em processo de liquidação, determinou o afastamento imediato de oito servidores e a suspensão de pagamentos a três empresas contratadas, em cumprimento a decisões judiciais decorrentes da Operação Poço Sem Fundo, deflagrada pela Polícia Civil na última quinta-feira (8).
A operação investiga um esquema de fraudes em contratos para perfuração de poços artesianos, que teria causado um prejuízo estimado em R$ 22 milhões aos cofres públicos de Mato Grosso. As irregularidades foram identificadas por auditorias da Controladoria Geral do Estado (CGE), após denúncia do Governo Estadual.
Segundo a Portaria nº 050/2025, assinada pelo liquidante Rodrigo Ribeiro Verão, os servidores afastados são: Jeferson Wagner Ramos, Francisco Holanildo Silva Lima, Wilce Aquino de Figueiredo, Gustavo Sampaio de Siqueira, Matheus Del Negro Oliveira, Izaías Mamoré de Souza, Ismael Martinho de Souza Ramos e Monadia Escobar Alencar. Todos estão proibidos de acessar instalações, sistemas e meios de comunicação da Metamat.
Além disso, a Metamat suspendeu todos os pagamentos previstos ou empenhados para as empresas Tecnopoços Poços Artesianos Ltda – ME (CNPJ 29.474.919/0001-07), JM Poços Artesianos e Transportes Ltda (CNPJ 31.502.387/0002-99) e Uniko Engenharia Ltda (CNPJ 30.749.317/0001-96), que estão entre as investigadas por envolvimento no esquema.
A Operação Poço Sem Fundo cumpriu 226 ordens judiciais em Cuiabá, Várzea Grande e Tangará da Serra, incluindo mandados de busca e apreensão, sequestro de bens e bloqueio de contas bancárias. Entre os alvos estão 16 servidores ou ex-servidores públicos e oito empresários. As investigações apontam que, entre 2020 e 2023, contratos para construção de poços artesianos destinados a comunidades rurais foram fraudados, com obras inexistentes, mal executadas ou realizadas em locais inadequados, como propriedades privadas e áreas urbanas.
A Justiça também determinou o afastamento de servidores da Metamat e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), proibição de contato entre os investigados, recolhimento de passaportes e impedimento de acesso às dependências das instituições. Os investigados estão proibidos de serem nomeados ou contratados para cargos na administração pública estadual.
O nome da operação faz referência à expressão popular “buraco sem fundo”, simbolizando o desvio de recursos públicos destinados à perfuração de poços. As investigações continuam para apurar o prejuízo detalhado de cada contrato e verificar se houve direcionamento nas contratações.
Além dos servidores, também foram alvos, o ex-presidente da Metamat, Juliano Jorge e o ex-deputado estadual Wagner Ramos.