LICIO MALHEIROS

Mercadinho da discórdia

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Mercadinho da discórdia

A definição de mercadinho no jargão popular tem como explicação, uma área comercial de pequeno porte que oferece produtos básicos diversos para o dia a dia familiar.

Pela chamada em questão, fica claro e notório a função e objetivo de um mercadinho.

Que é o de, ofertar principalmente para às populações periféricas, mas carentes os expropriados do capital, e de menor poder aquisitivo, para obtenção de produtos básicos para o dia a dia e com preços mais acessíveis.

Em Mato Grosso, foram criados mercadinhos em presídios, com objetivo de garantir acesso a produtos básicos de higiene e alimentação para os internos.

Em um primeiro momento, a ideia pode ter sido boa; porém em sua aplicabilidade e destinação desses produtos acabou ganhando novos contornos, ou seja, a dinâmica do mesmo, acabou ensejando à prática de um comércio paralelo entre os detentos.

Quando ocorre, a entrada de um determinado produto a um preço acessível em presídios.

O mesmo ao adentrar acaba tendo seus valores quadruplicados, dessa forma, favorece às facções criminosas, que retroalimentam os seus caixas, de dentro dos presídios e acabam fomentando crimes fora dos muros dos mesmos.

O governador do Estado de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil) impediu a criação de cantinas em unidade prisionais, conhecidas popularmente como “mercadinhos”; o governador argumenta, que a medida contraria princípios de igualdade e reafirmou que o foco do sistema prisional deve ser na disciplina e na reeducação.

O artigo 19, que previa a existência dos mercados nas penitenciárias foi vetada pelo governador, as encerrando imediatamente às atividades de comércio, nos presídios e em todas as estruturas que servem de cantinas, mercadinhos ou similares.

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso, na quarta-feira (9), derrubou o veto do Governador Mauro Mendes (União Brasil), que proibia o funcionamento de mercadinhos nos presídios de Mato Grosso.

Em uma votação polémica, principalmente pelo fato de o mesmo ter sido através de votação secreta; sobre um tema de relevância e importância singular para a população Mato-grossense.

Com 13 votos a favor da derrubada do veto e 10 contra, apenas o deputado estadual Lúdio Cabral (PT), foi o único que se manifestou publicamente a favor da liberação dos mercadinhos nos presídios.

Essa votação acabou ensejado na grande maioria da população, certa revolta; ressoando até à Câmara Municipal de Cuiabá, que aprovou nota de repúdio contra o deputado estadual Lúdio Cabral (PT) e outros 12 parlamentares, que votaram a favor da liberação dos mercadinhos.

Esse tema polémico e controverso, chegou à mesa dos debates, uma das formas mais republicanas de ouvir duas pessoas com pensamentos diferentes, um contrário aos mercadinhos, e outro a favor.

Em um debate que aconteceu em uma emissora televisiva, em que estiveram presentes, o vereador por Cuiabá Ranalli (PL), que é veementemente contrário aos mercadinhos, e outro, que pelo menos nesse debate se posicionou a favor, em função da ausência do Estado nos presídios, o ex-senador Antero Pães de Barros.

Resumo do debate, em um momento acalorado, o ex-senador pontua “A ausência do Estado, com falta de condições aos presos se manterem ali melhores alojados, por insalubridade, por alimentação inadequada entre outros fatores”.

O vereador Ranalli (PL), sem papas na língua, de forma dura e objetiva diz “Preclaro, ex-senador Antero, se esses elementos que estão presos, não tivessem cometido crimes bárbaros, roubado, estuprado, entre tantas outras atrocidades possíveis e imagináveis; eles não estariam ali vivendo de forma subumana, infelizmente eles escolheram a vida do crime”.

Professor Licio Antonio Malheiros é Jornalista, Articulista e Geógrafo