Conteúdo/ODOC - O delegado Caio Albuquerque, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse que a empresária Julinere Goulart Bentos, presa na última sexta-feira (9) em Primavera do Leste, decidiu colaborar com as investigações do assassinato do advogado Renato Nery, morto em julho de 2024 em Cuiabá.
Já seu marido, o empresário César Jorge Sechi, demonstrou uma postura considerada “fria” e até “irônica” no momento da prisão.
“Bastante frio, de certa forma, um pouco até irônico. Ele alega que é um completo equívoco”, afirmou Albuquerque em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (12).
Apesar da tentativa de minimizar sua participação, a Polícia Civil diz ter convicção de que César é um dos mandantes do crime.
Segundo o delegado, o comportamento do empresário revela a consciência de que “a verdade chegou”. “Pelo que a gente percebe, ele acredita que nada será comprovado. Mas temos elementos suficientes para dizer que ele é um dos mandantes. E não só testemunhos — há provas documentais também”, afirmou.
A empresária Julinere, por outro lado, já teria sinalizado colaboração. Segundo o delegado Bruno Abreu, responsável pela investigação, ela conversou com a Polícia por algumas horas ainda em casa, no dia da prisão, mas o conteúdo da conversa não foi divulgado. Ela deve prestar depoimento oficial nesta terça-feira (13), acompanhada de seu advogado.
A engrenagem do crime
As prisões de Julinere e César aconteceram após a confissão do ex-policial militar da Rotam, Heron Teixeira Pena Vieira, apontado como o articulador do homicídio. Ele revelou que recebeu R$ 150 mil — de um total combinado de R$ 200 mil — para contratar o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, responsável por executar Nery com um tiro na cabeça, na porta do escritório da vítima, em 5 de julho de 2024.
Heron, preso no dia 7 de março, entregou à polícia toda a cadeia de envolvidos. Entre os nomes citados está o PM Jackson Pereira Barbosa, vizinho de condomínio de Julinere, que teria feito os repasses em dinheiro. Jackson foi preso em abril, na segunda fase da operação batizada de Office Crime – O Elo.
Também está preso Ícaro Nathan Santos Ferreira, policial da inteligência da Rotam, suspeito de fornecer a arma usada no crime.
O crime
Renato Nery, ex-presidente da OAB-MT, foi atingido por um disparo na cabeça ao chegar em seu escritório na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá, no dia 5 de junho.
Ele chegou a ser socorrido com vida e passou por cirurgias no Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.