Conteúdo/ODOC - A defesa da bombeira Nataly Helen Pereira, acusada de matar brutalmente a adolescente Emelly Azevedo Sena, grávida de nove meses, pediu à Justiça a reprodução simulada do crime e a instauração de um incidente de sanidade mental. Os pedidos foram apresentados nesta segunda-feira (14), à 14ª Vara Criminal de Cuiabá, onde tramita o processo.
A intenção dos advogados Ícaro Vione e André Luís Melo Fort é esclarecer supostas contradições na denúncia do Ministério Público e demonstrar que Nataly não teria plena consciência de seus atos.
Segundo as investigações, Nataly atraiu a vítima até a casa dos pais, no bairro Jardim Florianópolis, sob o pretexto de doar roupas. No local, imobilizou a jovem, a asfixiou e, com ela ainda viva, realizou uma cesariana improvisada para retirar o bebê. Em seguida, enterrou o corpo no quintal e levou a criança ao hospital, fingindo ser a mãe biológica.
A defesa sustenta que Nataly sofre de distúrbios mentais graves e apresentou documentos que apontam histórico de depressão crônica, surtos psicóticos e traumas não tratados. Um dos principais argumentos é um suposto estupro sofrido em 2011, que teria desencadeado seu quadro psiquiátrico. Com base no artigo 26 do Código Penal, os advogados pedem que a ré seja considerada inimputável e, caso condenada, que a pena seja substituída por medida de segurança compatível com seu estado de saúde.
Os advogados também questionam a possibilidade de Nataly ter executado sozinha todas as ações atribuídas a ela em curto espaço de tempo: imobilizar a vítima, causar a morte, realizar o corte, esconder o corpo, limpar vestígios, usar documentos falsos e ainda ir ao hospital com o recém-nascido. Por isso, pediram à Justiça que peritos oficiais façam a reconstituição do crime no local.
A acusação, por sua vez, sustenta que Nataly agiu de forma consciente e premeditada. O promotor Renildo Segundo, responsável pelo caso, se posicionou contra o exame de sanidade, afirmando que não há indícios suficientes de transtorno mental e que a ré arquitetou o crime com frieza. A denúncia do Ministério Público foi aceita um dia após o oferecimento e inclui nove crimes, entre eles feminicídio, ocultação de cadáver, uso de documento falso, subtração de recém-nascido e fraude processual.
As investigações revelaram que Nataly desejava ter uma filha, mas já havia feito laqueadura. Por isso, teria começado a procurar gestantes de meninas em grupos de doação no WhatsApp, onde conheceu Emelly. A adolescente foi morta no dia 12 de março, após cair no plano da acusada. No hospital, médicos desconfiaram da história de Nataly ao perceberem que ela não apresentava sinais de parto recente.
Atualmente, Nataly Helen Pereira está presa e isolada em unidade prisional de Cuiabá. A Justiça ainda deverá se manifestar sobre os pedidos da defesa, incluindo a reconstituição do crime e a realização do exame de sanidade mental.