Há dezenove anos, quando se aproxima o dia 7 de abril, sinto a imensa dor da saudade — a ausência da minha mulher Regina Borbon.
Os anos passaram e, ao contrário do que dizem, a dor não diminuiu. Cresceu. E me obriga a imaginar como seria a vida se ela ainda estivesse entre nós.
Mãe carinhosa, esposa fiel, era amada pelos três filhos e pelos seis netos.
Como estaria agora, diante dos cinco bisnetos?
Deus sabe o que faz. E, se Ele a levou antes que conhecesse qualquer um dos seus bisnetos, foi porque entendeu que assim seria o melhor —para ela, para eles.
A bisneta mais velha completou oito anos. E já sabe que sua bisa tão amada virou uma estrelinha no céu.
Como tem sido difícil esta caminhada solitária!
E me entristece pensar nas crianças que não puderam conhecê-la. Sabem apenas que deixaram de abraçar e beijar uma criatura extraordinária.
Fico ainda mais triste quando a família se reúne em datas especiais, como os aniversários. A ausência dela pesa mais nesses momentos
Que sofrimento escrever esta crônica hoje!
Por que escrevo?
Porque acredito que registrar esta data, ainda que dolorosa, é importante. É o que alimenta a nossa memória afetiva.
Partir deste mundo aos 62 anos nos parece cedo. Mas Deus quis assim. E assim foi feito.
Coube a mim cuidar dos filhos, netos e, agora bisnetos — que continuam crescendo.
Que méritos tive para merecer tantas dádivas?
Deus está sempre no comando, guiando-nos pelos caminhos certos.
Somos nós que nem sempre aceitamos o destino que nos é dado.
Queria todos reunidos, sem a ausência de ninguém, até o infinito.
Mas o egoísmo faz parte da natureza humana — sobretudo quando perdemos alguém tão próximo.
A vida é assim. Sempre foi. Sempre será. E a dor da separação nos acompanha por toda a existência.
O 7 de abril, que nesta segunda-feira volta ao calendário, marcou o início de uma dor que começou há dezenove anos — e que não terá fim enquanto eu estiver neste planeta.
Gabriel Novis Neves é médico, ex-reitor da UFMT e ex-secretário de Estado